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12/6/2023

Feromônios: o código invisível da atração

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Índice


  1. Mas afinal, o que são feromônios?
  2. Feromônios humanos: existem ou não existem?
  3. Os mistérios da atração humana
  4. Aplicações Românticas e Além
  5. Conclusão
  6. Referência


O Dia dos Namorados é uma ocasião especial em que casais celebram o amor e a atração que sentem um pelo outro. Mas o que exatamente está por trás dessa misteriosa e poderosa força que nos atrai para alguém? Seriam fatores culturais, históricos ou biológicos? Entre os segredos do desejo, há um elemento fascinante e enigmático: os chamados “feromônios”. Será que eles desempenham um papel na atração romântica? Neste artigo, exploraremos o fascinante mundo dos feromônios e as descobertas recentes nessa área de estudo.


Mas afinal, o que são feromônios?


O termo "feromônio" foi criado em 1959 pelos entomologistas Peter Karlson e Martin Lüscher, para designar substâncias secretadas por um organismo, as quais ao serem percebidas por um indivíduo da mesma espécie, desencadeiam uma reação específica, seja um comportamento definido ou um processo de desenvolvimento. Esses sinais químicos desempenham um papel fundamental na interação entre os indivíduos da mesma espécie, transmitindo informações essenciais sobre acasalamento, alarme, localização de alimentos e muito mais. A descoberta dos feromônios foi uma revolução na ciência, proporcionando uma compreensão mais profunda do comportamento animal.


Desde então o termo foi extrapolado para além do mundo dos insetos, e os feromônios foram identificados em diversas espécies animais, incluindo mamíferos. Imediatamente surgiram críticas à generalização do uso desse termo, pois o comportamento animal é muito complexo, depende de muitos fatores, e animais (inclusive insetos!) podem aprender e alterar padrões de comportamento. Ainda assim, o termo “feromônios” se popularizou entre biólogos, inclusive aqueles estudando mamíferos, sendo frequentemente associado a mensageiros químicos e ao odor.


Recentemente, uma corrente científica busca corrigir erros conceituais desencadeados por essa generalização, e pesquisas têm sido feitas não apenas para compreender a função dos feromônios em alguns grupos de animais, mas também para questionar a sua própria existência!



Feromônios humanos: existem ou não existem?


Quando falamos de feromônios em insetos, estamos falando de um único composto químico ou de misturas simples, geralmente secretadas por glândulas restritas e normalmente evocando respostas estereotipadas mesmo em circunstâncias totalmente inapropriadas. Por exemplo, a mariposa fêmea produz Bombykol, uma única molécula que atrai a atenção de todos os mariposas machos ao redor. Alguns feromônios desencadeiam comportamento copulatório em insetos, e esses insetos apresentarão o mesmo comportamento quando perceberem o estímulo, mesmo que esse estímulo venha de um papel filtro no laboratório, banhado em feromônio, e não de um potencial parceiro. Mesmo repetindo diversas vezes esse teste, haveria praticamente nenhum aprendizado, e o resultado seria o mesmo.


A principal crítica à utilização do termo feromônio entre mamíferos se deve ao fato de que não é possível aplicar esse mesmo conceito ao comportamento social desses animais, mesmo em situações em que um comportamento possa ser provocado ou influenciado em parte por odores.


Até mesmo Darwin já havia especulado sobre tal função de mamíferos de cheiro forte antes, afirmando que “os machos mais odoríferos são os mais bem-sucedidos em conquistar as fêmeas”. No entanto, em contraste com os feromônios de insetos, apenas alguns possíveis feromônios foram descritos em mamíferos. Isso pode ser atribuído em grande parte ao complexo comportamento social dos mamíferos, que está fortemente entrelaçado com o contexto e as experiências passadas. A experiência é um modificador profundo do comportamento social dos mamíferos. Sendo assim, é difícil imaginar um camundongo macho tentando copular com um papel filtro perfumado, e mais difícil ainda imaginá-lo repetindo esse comportamento.


Entre os poucos compostos que têm sido associados ao comportamento reprodutivo dos mamíferos está a androstenona. Os porcos machos produzem e secretam androstenona, que induz as fêmeas à prontidão para o acasalamento. A androstenona é até comercializada para criadores de porcos para aumentar o sucesso reprodutivo entre seus animais. Posteriormente, a descoberta de compostos semelhantes à androstenona sob as axilas de humanos levou a especulações sobre feromônios humanos. No entanto, apenas o fato de a androstenona ter efeito em porcos e em humanos, já quebra o conceito de feromônio, que seria um sinalizador espécie-específico. Assim, a identificação de feromônios humanos provou ser um desafio, pois até o momento não foi isolado nenhum composto que atenda a todos os critérios da definição de feromônio.


A busca contínua por feromônios pode, portanto, exigir a adaptação do conceito de feromônio para também abordar a produção e percepção de odores corporais, pois enquanto discutem sobre o uso do termo, cientistas costumam ao menos concordar sobre esse fato: é inegável que os odores do corpo humano podem desempenhar um papel nas interações sociais humanas!



Os mistérios da atração humana


Há componentes presentes nos aromas corporais que podem evocar respostas e influenciar os comportamentos humanos. Ainda que ainda não tenhamos descoberto verdadeiros feromônios humanos, há evidências de que o poder do olfato seja genuíno e que nossos próprios odores corporais podem influenciar as pessoas ao nosso redor. A forma como exalamos é determinada por fatores como alimentação, idade, gênero e nossa constituição genética. Além disso, a maneira como percebemos os cheiros alheios pode variar de pessoa para pessoa. Por exemplo, estudos revelaram que as pessoas podem ser atraídas pelos aromas de indivíduos que possuem variações genéticas específicas em seus genes de histocompatibilidade (MHC). Dessa forma, a prole teria uma diversidade maior de MHC para reconhecer mais patógenos. Isso sugere que, mesmo sem identificar feromônios específicos, o odor desempenha um papel na seleção de parceiros.


Contudo, é importante ressaltar que a atração humana é fortemente influenciada por fatores sociais e culturais, além de ser moldada por experiências e aprendizados individuais. Embora o olfato desempenhe um papel significativo na atração sexual, excitação e até mesmo na ovulação em mamíferos, nos seres humanos, seu papel é secundário e é amplamente substituído pela visão e/ou imaginação nos homens, e pela audição e/ou toque nas mulheres, graças aos nossos cérebros complexos e altamente desenvolvidos. Além disso, diferentemente dos mamíferos, o olfato nos seres humanos é influenciado por hormônios, alterando o equilíbrio neuroendócrino. Ainda assim, a pesquisa sobre feromônios humanos continua a ser um campo intrigante e desafiador, com muito a ser explorado.

 


Aplicações Românticas e Além


No Dia dos Namorados, onde a atração e o romance estão no ar, é interessante considerar as possíveis aplicações dos odores na esfera romântica. Embora a pesquisa ainda esteja em andamento, alguns especialistas exploram o potencial dos feromônios em perfumes e outros produtos para intensificar a atração e a sedução. Imagine um perfume que contenha feromônios cuidadosamente selecionados para despertar uma resposta emocional e atrair seu parceiro.


Além disso, os estudos sobre feromônios também podem ter implicações em áreas relacionadas à saúde e bem-estar. A compreensão dos mecanismos dos feromônios humanos pode ajudar no desenvolvimento de tratamentos para distúrbios relacionados ao olfato e ao comportamento, proporcionando uma visão mais profunda dos aspectos biológicos do amor e da atração.


Conclusão


Os cheiros são realmente muito importantes no reconhecimento e na ligação, e possivelmente até na descoberta de um parceiro imunologicamente complementar. No entanto, esses cheiros são nossos cheiros individuais e não são percebidos da mesma forma por todas as pessoas da espécie humana e, portanto, não devem ser confundidos ou erroneamente denominados como moléculas de feromônio.


Em meio às demonstrações de afeto e à busca pela conexão amorosa, os feromônios e os odores nos convidam a explorar os mistérios da atração e do amor romântico. Aproveite essa data especial para mergulhar no fascinante mundo dos sinais químicos que desempenham um papel crucial na vida das espécies. Embora a pesquisa nessa área ainda esteja em andamento, os avanços recentes revelam descobertas emocionantes que nos permitem compreender ainda mais a profundidade do amor e da atração.




Referência


Nature, 2023 Disponível em:https://www.nature.com/articles/457262a. Acesso em: 06/06/2023.


Conic-Semesp. 2013 Disponível em: https://conic-semesp.org.br/anais/files/2013/trabalho- 1000014822.pdf. Acesso em: 06/06/2023.


ScienceDirect, 2023 Disponível em:https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2090 123211000397#s0030. Acesso em: 07/06/2023.


Human pheromones and sexual attraction Grammer, K., Fink, B., & Neave, N. (2005). Human pheromones and sexual attraction. European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology, 118(2), 135–142. doi:10.1016/j.ejogrb.2004.08.010

https://sci-hub.se/https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0301211504004749


Doty RL. Human Pheromones: Do They Exist?. In: Neurobiology of Chemical Communication. CRC Press/Taylor & Francis, Boca Raton (FL); 2014. PMID: 24830029.

https://europepmc.org/article/nbk/nbk200980

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